terça-feira, 3 de novembro de 2009

Meu querido professor


A relação aluno - professor é fundamental em todos os níveis de ensino. Esta não deve ser uma relação de imposição, mas sim de cooperação, respeito e crescimento.

Passamos boa parte do início de nossas vidas no âmbito escolar e é nele que se formam, geralmente, os laços de amizades que poderão ser levada para a vida inteira. Quando se fala nesses laços de amizade, imaginamos sempre que aconteça entre os colegas de classe, porém nem sempre é assim.

Diariamente os jovens vão para a escola em busca de uma boa formação profissional. Grande parte da vida do estudante está voltada para o colégio, principalmente no século XXI, que exige uma quantidade maior de informações. Os alunos passam quase metade do dia com os professores obtendo, muitas vezes, uma relação amigável com o jeito brasileiro de ser, o que possibilita que as relações sejam mais afetivas e carinhosas. O professor brasileiro tem uma emoção que é transmitida aos alunos com profissionalismo, mas também há casos em que o professor, assim como o aluno, não consegue distinguir essa relação, ao contrario dos professores de outras partes do mundo.

O coordenador e professor Marcus Oliveira afirmou, na entrevista concedida a equipe da revista Flama, que prefere uma relação profissional, mas do jeito brasileiro de ser. Alunos intercâmbistas acolhidos no Instituto Nossa Senhora da Piedade, Ilhéus-Ba, relatam aos colegas e professores que ao chegarem ao colégio, estranharam o comportamento dos professores com os alunos, comparando o tratamento rígido e frio dos professores estrangeiros com o jeito caloroso e descontraído das salas de aulas brasileiras.

Apesar da diferença de qualidade que há no ensino brasileiro entre a rede pública e a particular, os professores possuem o mesmo temperamento cultural.

Freqüentemente os alunos deixam transparecer problemas pessoais, o que acabam refletindo na escola e resulta com professores que também se tornam psicólogos, “pais” e amigos ao se sensibilizarem, criando vínculos de cooperação com o estudante que precisa dele naquele momento. Um claro exemplo deste vínculo aconteceu no mês de Agosto quando turmas do I.N.S.P organizaram festas surpresa para comemorar o aniversário da professora de química Maria Fernanda.

Alunos relatam que temem o término do colegial por terem receio da perda dos seus amigos-professores. Muitos alunos escolhem o colégio como uma segunda casa, estabelecendo ali uma relação de família que pode e deve ser levada para o resto da vida. Porém, quando o estudante não sabe diferenciar essa relação de amizade e acabe se envolvendo além dela, acaba criando uma paixão ilusória, um amor platônico pelo professor e em tal fase deve ser tratado com muito cuidado. Através do sentimento de admiração por alguém mais velho e com mais conhecimento, cria-se um sentimento de desejo por algo que seria utópico na cabeça do aluno. Em alguns casos essa relação pode ultrapassar limites.

Havendo entre alunos e professores envolvimento afetivo, dificulta distinguir a relação profissional da íntima.

Nas entrevistas concedidas pelos professores do I.N.S.P., apesar de todos terem afirmado que é preciso reconhecer os limites, todos já presenciaram acontecimentos dessas relações amorosas entre professores e alunos. Segundo Dorival Filho, professor de biologia do Ensino Médio do I.N.S. P, essa relação depende da idade do aluno e a situação em que ambos se encontram.

Por exemplo, um aluno de pré-vestibular não terá os mesmos problemas que um aluno de faculdade ao desenvolver relacionamento com o professor, pois não haverá conflitos de interesses. Já que, em pré-vestibular não existem avaliações para nota.

Segundo a psicóloga Maria Aparecida da Sitta, quando há um envolvimento entre universitários e seus professores, a relação pode esta embutida de erotismo. Já em uma relação de aluno e professor do colegial, quando se concretiza, se dá por imaturidade do professor.

“O aluno é assexuado para o professor, existe uma transferência de afetividade familiar do aluno para o professor... Mas o professor precisa ter maturidade e percepção de que a relação entre esse jovem em formação é simplesmente de ídolo, imaginação e amor-platônico’’ diz a psicóloga, que finaliza afirmando que a relação de amizade entre alunos e professores deve sim existir, na medida em que haja:

1. Vocação,

2. Amor pelo outro,

3. Saber colocar-se no lugar do outro e ter espírito de servir.

Por Karen Moreira, Kércia Ataide e Bartira Resende

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